domingo, 4 de outubro de 2009

Não me perguntes porquê..


Mas sinto o verde dos teus olhos pousados em mim.
Sinto as tuas mãos brancas, finas e suaves dentro das minhas, em que num gesto inverso sou eu quem procura aconchego. Sinto-as frias. Muito frias, de fazer doer e soltar um pretensioso gritinho que nos deixa a rir.
Afago o teu cabelo ondulado e branco, de um branco como nunca vi igual.
Sinto o teu cheiro, que ainda hoje o guardo na memória e dentro de uma das tuas gavetas - está lá, não se perdeu.
Oiço as tuas histórias contadas vezes sem fim, nunca vencidas pelo cansaço.
Trago-te umas flores para que as coloques na cómoda. Sei que tens uns mimos à minha espera. É sempre assim.
Mostras-me os bordados e a afectividade que eles carregam.

Não me perguntes porquê, mas há dias em que a saudade me invade como uma tempestade serena. Hoje é dia. Deixo-a entrar e quedo-me no mundo das recordações contigo a meu lado.

1 comentário:

Ana disse...

Não pude deixar de sorrir porque às vezes passo pelo mesmo sentimento e também eu me deixo ficar. :)